quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
A dor que dói mais
Trancar o
dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um
tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói
morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é
saudade.
Saudade de
um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto
de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de
um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente
mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Doem essas
saudades todas.
Mas a
saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro,
dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar
na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o
aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem
vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um
acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é
não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber
mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa
que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como
prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido
às aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a
estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua
preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele
continua pescando, se ela continua lhe amando.
Saudade é
não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não
saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear
as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio
que nada preenche.
Saudade é
não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se
ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber
de quem se ama, e ainda assim, doer.
Muita saudade de você, minha filha querida!!!
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Saudade
Saudade é um pouco
como fome. Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a
saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa
toda.
Essa vontade de um
ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que
se tem na vida.
Assinar:
Postagens (Atom)