quinta-feira, 28 de junho de 2012

Carta à Marcela de 26/6/2008





Marcela, minha filha.
Quero deixar registrado um fato que, para mim, foi a sua forma de me avisar, de me dizer alguma coisa para me tranqüilizar. Obrigada por seu esforço.
Estava dirigindo, indo para casa e pensava em você, como sempre, em 100% do meu tempo em vigília. Pensava em como é, na minha cabeça, a sua lembrança, tão viva, nos mínimos detalhes: o seu chegar em casa, o seu sair, a movimentação dentro de casa, o seu olhar, a sua energia, a sua alegria. Tudo é muito vivo na minha lembrança.
Continuava a pensar e estava sofrendo muito a sua ausência e pensava: Meu Deus, como tudo isto pôde acabar? Sinto-me muito só sem você.
Ouvi um barulho no carro e pensei que fosse o crachá da garagem que havia caído. Mas ele estava no lugar certo. Não dei importância ao fato. Continuei dirigindo e quando cheguei à casa da Mirtes (ia pegar um enxoval para uma mãe necessitada), percebi que o terço vermelho – aquele terço - estava caído no chão do carro. Logo pensei: arrebentou. A primeira coisa que fiz foi olhá-lo cuidadosamente, procurando onde estava arrebentado para poder consertar. Ele estava inteiro, completamente inteiro.
Daí então conclui que foi você me dizendo que eu não estava assim tão só como eu falava. Você estava ao meu lado e estava bem. Você me deu o recado e sei que foi você porque onde o terço fica (no retrovisor), para sair dali, só tirando com as mãos. Ou então, o carro teria que virar de cabeça para baixo. Ou então, o retrovisor teria que ter caído. Impossível ele ter saído sozinho sem arrebentar.
Obrigada pela mensagem, meu amor. Obrigada por tudo. Te amo para todo o sempre.
Mamãe.

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