quarta-feira, 27 de junho de 2012

Carta à Marcela de 19/8/2006

Marcela, minha filha.

Não sei como iniciar esta carta, porque para falar a seu respeito, ainda não existem aqui na Terra, palavras para expressar tudo o que você foi, representou e deixou para todas as pessoas que te conheceram.
Você foi um Anjo que entrou na minha vida de repente e, da mesma forma, saiu.
Você foi a melhor parte da minha vida, o que de melhor me aconteceu.
Ah!, filha!... quanta coisa você me ensinou, sem saber que estava ensinando.
Com você eu pude experimentar o verdadeiro amor, amor real, amor incondicional.
Com você eu pude sentir o que é regar um amor todos os dias, de forma natural, sem esforço, e senti-lo crescer no peito e no coração, que de tão grande, nos dava a sensação de felicidade eterna. 
Com você eu pude sentir o que é ser feliz. Feliz de verdade, alegria na alma. Estar com você era sempre uma alegria. Eu sempre lhe disse que a vida sem você não tinha a menor graça. E infelizmente agora eu estou sentindo a veracidade desta frase.
Com você eu aprendi a ser tolerante, a falar “direito” com as pessoas, a não magoar ninguém, a perdoar. Porque você era incrivelmente meiga, compreensível, amiga, educada, conciliadora. 
Eu tive o maior privilégio de ser sua mãe. Agradeço a Deus, todos os dias, por ter tido esta graça por 22 anos e 10 meses. Você nunca me magoou. Você nunca deu trabalho. Ser a sua mãe foi o meu maior prazer. 
A sua alegria contagiava a todos. Você sempre tinha algo de bom para falar das e com as pessoas. 
Todas as minhas ações eram motivadas por ter você: o trabalho, o estudo, a monografia, a “malhação”, a compra do apartamento e tudo o mais. A vida corria leve, gostosa, com grandes sonhos de realização à frente, porque você estava lá me esperando.
Até a sua pressa era gostosa. Sempre atrasada, saindo correndo, com as amigas gritando do lado de fora: “Anda, Marcela!”
A sua insegurança para usar um ou outro brinco; uma ou outra blusa; uma ou outra calça: “Mãe, presta atenção: este ou este?”
Quanta saudade das maquiagens no banheiro; da escova e chapinha no cabelo; do seu dedilhar rápido no computador; do telefone descarregado; do celular tocando a todo minuto; da casa desarrumada; dos filmes que assistíamos juntas; dos apertos e das lambidas que você me dava; das nossas gargalhadas; das constantes mensagens trocadas pelo celular; das palhaçadas que fazíamos juntas.
Quanta saudade de ouvir “Obrigada, mamãe querida!”, porque tudo você agradecia.
Quanta saudade da sua preocupação comigo: “Mãe, você almoçou direito? O que você comeu?” “Mãe, você precisa ver isso no médico.”
Mas Deus quis que você fosse antes de mim. Nenhuma mãe está preparada para isto. Mas Ele tem os seus motivos. Se eu fiquei aqui na Terra, é porque ainda tenho uma missão a cumprir. Se você foi antes de mim, é porque você cumpriu direitinho a sua missão.
Não é fácil entender isso. É muito difícil. Mas eu estou pedindo forças, coragem e conhecimento a Deus e ao meu Anjo Guardião para agir de tal forma a continuar sendo uma boa mãe para você. 
Eu sinto muita saudade de você, filha. Sinto falta da sua presença. E choro quando o meu limite de sentir dor extravasa. Quando minha capacidade de suportar, vai além das minhas forças. Choro quando a garganta dá um nó e sufoca. Choro para aliviar o meu peito. Choro pela saudade que não consigo matar. 
O que me conforta, filha, é saber que você está viva e morando em outro mundo, num Mundo Espiritual, separado da Terra apenas por um véu material. O que me conforta é a certeza de saber que quando eu terminar a minha jornada aqui, vamos estar novamente juntas e muito mais felizes. Quando eu desencarnar, quero ser recebida por você aí no seu novo lar.
O que me conforta, filha, é ter a certeza de que o nosso amor é eterno e enorme: infinito elevado ao infinito, lembra ???
O que me conforta, filha, é saber que nós nunca vamos nos esquecer uma da outra.
O que me conforta, filha, é sentir sempre os nossos pensamentos entrelaçados continuamente, em emissão constante de amor, carinho, afeição, segurança, conforto e a certeza de que tudo vai dar certo.
A fim de me sentir mais confortada e sentir a sua presença mais de perto, estou estudando a Doutrina Espírita; estou me agarrando às mãos das pessoas que querem me ajudar; estou pedindo a Deus e aos Espíritos amigos, familiares e ao meu Anjo Guardião, que me dê força para passar por esta provação com resignação, entendendo que isto foi da vontade de Deus.
Então, filha, eu te peço o mesmo. Tudo que a mamãe está fazendo aqui, você deve fazer aí. Assim, vamos estar mais juntas, cada vez mais juntas e você, assim como eu, vamos nos sentir muito melhor.
A mamãe quer que você faça boas amizades aí; estude para se evoluir e ajude as pessoas mais necessitadas que você. Porque Marcela, a única coisa que levamos conosco é o conhecimento e as nossas boas ações. É muito importante nos esforçarmos na luta pelo autoaperfeiçoamento. 
E tenha certeza, filha, tudo vai dar certo. Eu prometo.
Em cada minuto de minha vida, até o meu último minuto aqui, você vai estar sempre presente no meu pensamento e no meu coração. Porque eu te amo muito, muito, muito.
Hoje é o seu aniversário, minha filha. Você está fazendo 23 anos. Para mim tudo continua igual. Eu vou lhe enviar muitas flores para enfeitar o seu quarto de repouso. E quero que ao inalá-las, você possa sentir a minha presença te beijando; te abraçando; pegando na sua mãozinha; dando-lhe segurança, conforto e companhia; dizendo-lhe o quanto te amo. Dando-lhe a certeza de que tudo vai dar certo e pedindo a Deus que lhe dê felicidade e alegria na sua caminhada da vida eterna.
Que Deus te abençoe, minha filha.
Tenha a certeza de que sempre estaremos unidas pelo amor.
Carinhosamente,
Mamãe

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