quarta-feira, 27 de junho de 2012

Carta à Marcela de 9/1/2008






Celinha, minha filha.
Hoje recebi um e-mail falando que a música “Gostava tanto de você”, cantado por Tim Maia, foi escrita por Edson Trindade, para sua filha que faleceu num acidente de carro. A música é a seguinte:
      “Não sei por que você se foi
      Quantas saudades eu senti
      E de tristezas vou viver
      E aquele adeus não pude dar
      Você marcou a minha vida
      Viveu morreu na minha história
      Chego a ter medo do futuro
      E da solidão que em minha porta bate
      E eu gostava tanto de você..
      Gostava tanto de você...
      Eu corro e fujo destas sombras
      Em sonhos vejo esse passado
      E na parede do meu quarto
      Ainda está o seu retrato
      Não quero ver para não lembrar
      Pensei até em me mudar
      Lugar qualquer que não exista
      O pensamento em você
      E eu gostava tanto de você...
      Gostava tanto de você... “
Sei que você a conhece, pois sempre adorou pagode e samba.
Esta letra me emociona muito. Uma vez eu lhe falei, numa de minhas cartas, que quando um pai ou uma mãe perde um filho, o que dizem, parece ser aquilo que queremos dizer. Parece que o que dizem, eles arrancaram de dentro de nosso coração. Em alguns pontos desta música, é exatamente o que sinto com a sua partida. Vou explicá-los.
Não sei e ainda não entendo porque você partiu; não pude me despedir e apesar de ter sempre lhe dito sobre o tamanho do meu amor por você, não pude reforçá-lo antes da sua viagem.
A saudade que sinto de você é enorme. A tristeza e o vazio são eternos, no que diz respeito a esta vida encarnada. Não tenho como viver com alegria. Isto é impossível. A gente aprende a conviver com a dor e a saudade, mas vive-se sempre sem alegria.
Você marcou a minha vida com vida e alegria. Você foi o que de melhor Deus me concedeu. Você foi a minha vida. E “viveu e morreu na minha história”. Que frase linda esta, quando entendida que você viveu e morreu na história desta minha vida terrena. Porque você nunca vai morrer para mim em nenhuma de minhas existências, a partir desta, seja em outras vidas materiais, seja no Plano Astral. Você estará permanentemente em um lugar cativo e reservado de meu coração. Este lugar vai ser sempre seu, independentemente de eu ter outros corpos e outras vidas.
Não tenho medo do futuro, pois sei que tenho que vivê-lo para me tornar digna de te reencontrar. Apenas sei que devo vivê-lo da melhor maneira possível e esta maneira, tenho certeza, é procurando me evoluir moralmente e espiritualmente, e ajudar outras pessoas que sofreram a mesma perda que sofri. Só que isto, embora seja gratificante, não elimina a solidão.
Do final da música eu discordo. Ao contrário do autor, o que fiz foi colocar o seu retrato por toda a casa, e quando me mudar para Águas Claras, vou colocar muitos mais. Eu não corro e não fujo da sua lembrança, porque nunca vou me esquecer de você. Em qualquer lugar que eu esteja, você está sempre presente em meu pensamento, porque gosto muito de você, te amo um amor que de tão grande, não consigo expressar em palavras. A única forma de saber, é senti-lo.
Estou aqui, filha, vivendo um dia de cada vez. De vez em quando, caio. Depois me levanto e continuo.
Apesar de me expressar sempre desta forma, quero que você seja feliz e prossiga sua vida. Quando for a hora certa, vamos nos encontrar cheias de alegria e felicidade. E também com grandes novidades.
Com amor,
Mamãe.

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